
Em Manaus, dois projetos de lei apresentados por parlamentares evangélicos tem sido criticados pela população do Amazonas como irrelevantes diante de outras questões sociais. Um deles se refere à construção de uma Bíblia como monumento, e outro propõe que os terminais de ônibus da cidade recebam pregadores com microfone e caixas de som.
O vereador Amauri Colares (PROS), que prevê a construção de um monumento à Bíblia em Manaus, já obteve parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) da Câmara Municipal de Manaus (CMM). Agora o projeto será analisado pela Comissão de Finanças, Economia e Orçamento da Casa.
Se a proposta for aprovada, a captação de recursos para a construção do monumento ficará a cargo da Ordem dos Ministros Evangélicos do Amazonas (Omeam). Se houver mais de um projeto arquitetônico, o Executivo escolherá um vencedor. A Prefeitura de Manaus também ficaria responsável por fixar o local da obra, sendo que o Executivo tomaria as providências de sua competência para a execução da obra.
Já a vereadora Pastora Luciana (PP) propôs o Projeto de Lei que visa autorizar a realização de manifestações, palestras e cultos religiosos nos terminais de ônibus da capital. No entanto, vereador Everaldo Farias (PV), presidente da Comissão de Vigilância Permanente da Amazônia e Meio Ambiente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), pediu que a proposta fosse retirada de tramitação.
A orientação do vereador ocorreu depois que a pastora afirmou, em reunião com 200 missionários, que não seriam utilizados amplificadores de som em pregações nos terminais de ônibus, que seriam feitas apenas com a própria voz. Everaldo esclareceu que, se os missionários usarem apenas a própria voz nas pregações religiosas nos terminais de ônibus, o projeto da Pastora Luciana perderia o sentido porque a ideia da vereadora é justamente autorizar o uso de equipamentos de som, amplificadores e caixas de som. A pastora Luciana deixou claro que não retirará o projeto.
Crítica
Para o sociólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Luis Antônio Nascimento, é “vergonhoso” ver representantes eleitos se preocuparem com temas como um monumento à Bíblia ou a pregação religiosa em terminais de ônibus, e não com assuntos mais relevantes. “É vergonhoso parlamentares que não se preocupam em melhorar o transporte, saúde e educação, lutando para construir monumentos à Bíblia. A pergunta que faço a esses parlamentares é, você deve promover a Bíblia ou o bem estar da população?”, questionou.
Na análise do vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Amazonas (OAB-AM), Marco Aurélio Choy, o projeto de construção do monumento à Bíblia não fere a liberdade de crença religiosa da população de Manaus, porque a Bíblia é um livro de grande importânica para a humanidade e utilizado em várias religiões. “Não vejo problema, porque a Bíblia é um livro histórico e antigo que faz parte da sociedade há muitos anos”, declarou.