Um segundo funcionário do sistema de saúde do Texas, nos Estados Unidos, foi contaminado com ebola e testou positivo para a doença, informou o Departamento de Serviços de Saúde Pública do Estado nesta quarta-feira (15). Ele foi infectado enquanto tratava do liberiano Thomas Eric Duncan, primeiro paciente da doença no país.
O funcionário do Hospital Presbiteriano do Texas foi imediatamente isolado após apresentar febre nesta terça-feira (14), informou o órgão.
“Oficiais de saúde entrevistaram os pacientes mais recentes do funcionário para identificar rapidamente qualquer contato ou potencial exposição, e essas pessoas serão monitoradas”, disse o departamento.
O Centro para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) informou que o exame positivo do segundo trabalhador foi o resultado de uma análise preliminar realizada durante a noite e que o organismo está realizando a própria análise para confirmar o resultado.
"Como afirmamos anteriormente, de acordo com nossa investigação, não é inesperado que aconteçam exposições adicionais ao vírus", adverte o CDC em um comunicado.
O CDC destacou que novas medidas estão sendo adotadas para aumentar o nível de preparação nos hospitais, incluindo o envio a Dallas de especialistas que conseguiram controlar focos de Ebola na África nas últimas duas décadas.
O organismo afirmou que pretende melhorar os procedimentos para proteger os trabalhadores da área de saúde no Hospital Presbiteriano de Dallas e que os funcionários deste e de outros centros médicos receberão mais treinamento para tratar com a doença.
Infecção
O caso é o segundo de transmissão da doença dentro dos Estados Unidos. Nina Pham, uma enfermeira também do Texas, foi o primeiro caso de contágio no país. Ela está internada em uma área de isolamento do hospital onde trabalha.
Nina, de 26 anos, contaminou-se com o vírus como membro da equipe que tratou do liberiano Thomas Eric Duncan.
Duncan tinha viajado da Libéria para o Texas em setembro e começou a apresentar os sintomas do ebola dias depois de sua chegada. Ele morreu na semana passada.
Nina recebeu plasma retirado do sangue de um médico que se curou da doença. A transfusão de plasma, contendo anticorpos para o vírus do ebola, ocorreu na tarde desta segunda.
Ele veio de Kent Brantly, o médico do Texas que sobreviveu ao ebola. Brantly contraiu a doença quando trabalhava como voluntário em um grupo missionário também na Libéria.
O diretor dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA (CDC), Thomas Frieden, disse que a agência vai ampliar o treinamento dos profissionais do sistema de saúde dos EUA.
Segundo ele, 76 pessoas que podem ter tido contato com Duncan após sua internação estão sendo monitoradas.
Segundo Frieden, "apenas uma única pessoa" teve contato com Nina enquanto ela poderia transmitir a doença. O diretor dos CDC disse também que ainda não sabe como a enfermeira contraiu a doença em uma unidade hospitalar de isolamento.
Duncan foi o primeiro paciente a ser diagnosticado com ebola nos Estados Unidos, mas ele contraiu a infecção em seu país natal, a Libéria. O caso desta profissional de saúde foi o primeiro em que a transmissão da doença ocorreu em território americano.
Quebra de protocolo
Uma quebra nos protocolos de segurança, possivelmente durante a remoção de equipamentos de proteção após o tratamento do paciente com ebola, pode ter causado a contração do vírus mortal por Nina.
Frieden disse que, em algum momento durante o atendimento do paciente original, houve uma brecha no protocolo que resultou na infecção da profissional de saúde.
Todos os profissionais de saúde de Dallas que ajudaram a cuidar de Duncan foram potencialmente expostos ao vírus, disse Frieden.
"Outra (área) que nós estaremos olhando de perto na investigação são as intervenções que foram feitas para tentar desesperadamente manter (Duncan) vivo", disse ele ao programa de televisão do canal CBS "Face the Nation".
"Isto incluiu diálise e intubação. Estes são dois procedimentos que podem resultar na propagação de material infeccioso", disse Frieden.