Hong Kong viveu nas últimas horas o acirramento dos ânimos entre manifestantes pró-democracia e forças de segurança. Um confronto perto da sede do governo, quando os policiais tentaram remover barricadas instaladas na avenida principal, terminou com 37 homens e oito mulheres detidos. A polícia de choque reprimiu com golpes de cassetete e gás de pimenta os manifestantes que se mobilizaram para proteger as barricadas.
O conflito deixou feridos nos dois lados, segundo a agência France Presse, que não precisou o número. Um dos feridos é Ken Tsang, membro do Partido Cívico, grupo político que participa do movimento. Segundo o jornal 'South China Morning Post', imagens flagraram policiais dando chutes e socos em Tsang, que usava uma camiseta com o escudo do Corinthians e as inscrições, em português, 'muitos vivem de títulos'. Pelo menos seis agentes de segurança foram afastados por conta das agressões.
O G1 entrou em contato com a página do Partido Cívico no Facebook, que informou que o ativista está preso e não pode ser contatado. O jornal 'South China Morning Post' informou que ele passará por exames para saber qual a gravidade dos ferimentos. A Anistia Internacional em Hong Kong condenou a agressão ao ativista e pediu uma investigação rápida e que os responsáveis sejam punidos.
No dia 5 de outubro, Tsang postou em português um agradecimento "pelo carinho e companhia" dos amigos da América do Sul. Ele relata que passou 11 meses na região, mas que "era preciso voltar e se juntar aos cidadãos nas manifestações para lutar por democracia e um futuro melhor". Dois dias depois, uma postagem mostrava que ele já estava em meio aos protestos em Hong Kong.
'Revolução dos guarda-chuvas'
Os protestos liderados por estudantes estão em sua terceira semana de ocupação de ruas do centro financeiro de Hong Kong. Eles pedem sufrágio universal sem condições e o fim do controle de Pequim sobre os candidatos para comandar o governo local.
Na última semana de setembro, o parlamento chinês aprovou uma medida limitando os candidatos da eleição de 2017 nessa região administrativa especial. O bloqueio de ruas e avenidas importantes transformou em caos a rotina neste território semiautônomo, no extremo-sul da China.
No início, os atos contavam com a simpatia da população, mas com os contínuos engarrafamentos e com o fechamento de lojas e escolas, o movimento começou a perder apoio.
Nos últimos dias, multiplicaram-se os confrontos entre manifestantes e indivíduos que seriam da máfia chinesa. Estes estariam agindo com o incentivo das autoridades do governo central de Pequim. Diante disso, os atos estão perdendo intensidade.
Uma pesquisa publicada na terça-feira pela Universidade de Hong Kong mostrou que o índice de popularidade do chefe do Executivo local, Leung Chun-ying, caiu 2,6% desde o final de setembro, chegando a 40,6%. Esse é o segundo percentual mais baixo de aprovação desde que chegou ao poder, em 2012.