Número de mortes por câncer de mama aumentam em regiões pobres

Principal razão é a dificuldade de exame e tratamento no Norte e Nordeste

fonte: Guiame, com informações de R7

Atualizado: Segunda-feira, 28 Setembro de 2015 as 4:48

Um estudo inédito realizado pela Sociedade Brasileira de Mastologia, feito em parceria com pesquisadores da Rede Goiana de Mastologia, revelou que há uma variação anual da taxa de mortalidade por câncer de mama de até 11 vezes maior em áreas pobres do País, comparado a regiões ricas. A principal razão em que é apontada é sobre a dificuldade de acesso a métodos de detecção e de tratamento em áreas do Norte e Nordeste do País.

A pesquisa avaliou as taxas de mortalidade por esse tipo de tumor em um intervalo de dez anos, entre 2002 e 2011, em todos os Estados e relacionou os dados com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de cada local. Embora o Sul e Sudeste tenham taxa de mortalidade maior do que as demais regiões do País, a velocidade de crescimento das mortes pela doença é significativamente maior nas áreas mais pobres.

De acordo com o estudo, no período analisado, a variação anual da taxa de mortalidade por câncer de mama chegou a 11,2% no Maranhão, Estado com o maior aumento porcentual e com um dos piores IDHs do País. Situação semelhante foi observada nos Estados do Piauí e Paraíba, com variações anuais de 9,8% e 9,3%.

Em outros extremos, regiões mais ricas observam estabilização ou queda na variação da taxa. São Paulo, por exemplo, teve variação negativa média de 1,7% ao ano. Paraná, Rio Grande do Sul, Rio e Distrito Federal, todos Estados com IDHs altos, também tiveram queda na variação das taxas de mortalidade.

Foi publicado um artigo no periódico BMC Public Health, que aponta como razões para os resultados a falta de recursos disponíveis para o tratamento nos Estados menos desenvolvidos e a dificuldade de acesso a esses recursos para a maioria da população. "Em alguns casos, a situação seria comparável à encontrada na Nigéria, onde não há programas específicos de rastreamento do câncer dentro do sistema nacional de saúde e só existem dois hospitais que oferecem o tratamento terciário para a doença (radioterapia e quimioterapia)", diz o estudo.

Para Ruffo de Freitas Júnior, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia e um dos autores do estudo, embora o sistema de saúde tenha melhorado nas últimas décadas, a estrutura ainda é insuficiente, sobretudo nas regiões mais pobres.

"O crescimento ou a queda das taxas de mortalidade dependem muito das ações de saúde que estão sendo implementadas em cada local. É no Norte e Nordeste exatamente onde temos as menores coberturas mamográficas".

O Ministério da Saúde afirma que ampliou o acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento do câncer de mama, "em especial nas Regiões Norte e Nordeste". Entre 2011 e 2014, o número de exames do tipo realizados em mulheres de 50 a 69 anos aumentou 66,3% no Nordeste e 125,6% no Norte, de acordo com a pasta. O ministério afirma ainda que, no período, cresceu o número de cirurgias oncológicas e de sessões de radioterapia e quimioterapia nessas regiões.

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