Independência, morte ou morte?

Independência, morte ou morte?

Atualizado: Terça-feira, 15 Setembro de 2009 as 12

O grito do Ipiranga foi lembrado no último sete de setembro. Conquanto todas as contradições históricas, que por vezes confirmam e por vezes desmentem o que nos ensinaram na escola, a poesia contida no grito é forte, independência ou morte. Ou lutamos por nossa liberdade, ou morremos. Apenas duas opções, uma exalta, outra condena. Com esta data cívica impressa em nosso inconsciente, também acabamos por sufocar ou extravasar os nossos gritos. Gritos que clamam por liberdade enquanto tenta-se fugir da morte.

Chocados assistimos um episódio que indignou nosso país nos últimos dias. É um destes acontecimentos que gritam em nossa consciência, querendo saber se nossa sociedade é livre, independente, ou se vive encarcerada por sua decadência de valores. O acontecido teve início em Indaiatuba e terminou em Monte Mor.

Uma garota de 15 anos foi seqüestrada em Indaiatuba, em uma praça próxima de sua casa. Violentamente foi agredida por socos, tapas e puxões de cabelo por dois homens. Quando tiveram certeza que ela estava morta, levaram a garota até Monte Mor e, sobre a ponte do Rio Capivari, que cruza a cidade, jogaram o corpo da menina de uma altura aproximada de 15 metros. Agora preste atenção em dois detalhes. A menina não estava morta, ela se fingiu de morta. Ao cair no rio, como era noite, seus agressores não a viram nadar até a margem para depois escalar o mato até a estrada e pedir socorro. O outro detalhe é sinistro. Os dois homens eram seu ex-namorado, de dezoito anos, e o tio do ex-namorado, de trinta e três anos. Os dois são vizinhos da garota, já foram identificados e estão presos.

A lição desta garota serve para todos nós. Ela queria independência, mas flertava com a morte. Na entrevista, sua mãe é clara: "Eu era contra esse namoro". Devido à insistente desobediência da filha, sem saber o que fazer, a mãe partiu para medidas mais radicais: "Trancava a menina em casa, mas ela pulava o muro para ficar com ele; na casa do tio dele. Namoravam escondido". Hoje, passado o susto da tragédia, o medo permanece em todos na família: "Até o barulho da geladeira nos assusta", afirma a mãe.

A garota queria independência dos pais. A casa era uma prisão. Sem seu grande amor a vida era como a morte. Então seu coração gritou, ou busco minha independência ou morro de amor. O que ela não sabia era como nosso coração nos engana. Ela estava indo beijar e abraçar sua própria morte, a prisão estava lá fora, enquanto a liberdade estava em seu lar. Mas seu grito inconseqüente impediu a visão correta da realidade.

No desespero a garota se fingiu de morta. Só a morte fez seu ex-namorado parar de agredí-la. Quando os dois, sobrinho e tio, decidiram por jogá-la no rio, ela ainda confirma ter ouvido as últimas palavras ditas pelo tio ao sobrinho: "O tio disse para ele não ficar com remorso". Para se ter uma idéia da tensão, a sensação de estar livre dos dois foi tão boa que o resto ficou menor, ela afirma: "Na hora em que caí, não senti dor, senti alívio. Bati minhas costas, mas só fui sentir alguma coisa depois que já tinha sido socorrida". Que tempo é esse? Que histórias são essas? Onde foi parar o respeito aos pais, à vida, ao próximo?

Sim, a desobediência da menina não justifica a barbárie cometida pelo tio e o ex-namorado. Mas que a desonra, e desrespeito e a desobediência desta geração aos pais têm provocado a morte, é notório. Quantos conselhos, orientações, broncas e sermões a garota ouviu, todos com o mesmo teor: "Não namore este rapaz. Não gostamos dele. Ele não é para você. Espere. A pessoa certa vai aparecer. Obedeça, é para o seu bem!". Mas não, esta geração se julga independente, auto-suficiente, quer curtir o aqui e agora. Avisos de "perigo", "cuidado", "pare", "curva perigosa", "risco de morte", "não beba", "não fume", "não se prostitua", são avisos chatos, repetitivos, cansativos e que nunca, acreditam, vão acontecer em suas próprias vidas.

Independência, morte ou morte? Uma garota de quinze anos, a duras penas, escolheu. A morte real ela ludibriou com a morte fingida. Sua deliberada desobediência teve como prêmio unicamente uma falsa e perigosa independência. O que restou? Restou a verdadeira independência junto aos pais, à família e a Deus. A avó da garota, com a sabedoria acumulada durante toda uma vida, com simplicidade definiu a situação: "Foi a mão de Deus ajudando a minha neta a se salvar. A gente vê as coisas na televisão e nunca imagina que vai acontecer com a nossa família". Falta Deus nos gritos sociais que fogem da morte clamando por independência. Porém, a mão de Deus nunca nos desampara, sempre nos alcança, nos busca e nos protege. Quando o pecado, a morte e a tentação chegarem, mortifique sua carne e se jogue nas águas da graça de Cristo, a mão de Deus sustentará você.

Paz!

Pr. Edmilson Mendes

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".

Contatos com o pastor Edmilson Mendes:

[email protected]

www.mostreatitude.com.br  

veja também