
O radiologista belga, que escreveu “judia (israelense)” na seção de problemas médicos do prontuário de uma menina de nove anos, foi suspenso pelo hospital AZ Zeno na terça-feira (02).
No campo “problema atual” do relatório de atendimento, o Dr. Qassim Arkawazy escreveu: "Dor no antebraço esquerdo, caiu da estrutura de escalada para o chão; um homem caiu em cima dela" e, posteriormente, "judia (israelense)".
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Uma pesquisa nas redes sociais do médico revelou diversas postagens de teor antissemita e islamofóbico no Facebook. Entre elas, estavam imagens geradas por inteligência artificial retratando judeus hassídicos como figuras monstruosas e uma ilustração gráfica envolvendo violência contra crianças, como um desenho animado de vários bebês decapitados pela ponta de uma estrela de Davi.
🚨🩻🇧🇪 SIGNALEMENT : Le Dr. Qasim Arkawazy, radiologue d’origine irakienne 🇮🇶 exerçant à l’hôpital AZ Zeno dans la station balnéaire de Knokke-Heist, relaie des dizaines de contenus antisémites, islamistes chiites et antisionistes.
— SwordOfSalomon (@SwordOfSalomon) August 31, 2025
📌 Parmi ces publications : un montage ignoble… pic.twitter.com/IDTBYM5j1e
Em comunicado divulgado na terça-feira, o hospital AZ Zeno afirmou que, em alguns casos, a fé ou a origem étnico-cultural podem ter relevância médica.
No entanto, reconheceu que, neste caso específico, a inclusão do termo pode ter sido interpretada como ofensiva. A instituição informou que o registro digital do paciente foi corrigido.
"O paciente em questão foi contatado pessoalmente; o procedimento foi explicado e a situação foi satisfatoriamente esclarecida.”
Sobre as postagens de Arkawazy nas redes sociais, o hospital reconheceu as “inúmeras reações indignadas” e reforçou que “não há absolutamente espaço para discriminação” na instituição. Informou ainda que uma investigação interna foi iniciada e confirmou que também há uma apuração externa em andamento.
"O médico envolvido foi suspenso com efeito imediato para que a investigação possa prosseguir com calma e minuciosidade."
‘Antissemitismo não tem lugar na Bélgica’
O Centro de Informação e Documentação Judaica (JID) elogiou a suspensão de Arkawazy, afirmando: "Esta decisão mostra claramente que o antissemitismo não tem lugar na Bélgica".
"O antissemitismo deve ser combatido resolutamente onde quer que surja, especialmente em setores críticos como a saúde. Esperamos a mesma ação corajosa e clara de todas as instituições", disse Ralph Pais, vice-presidente da JID.
Após a divulgação do caso, o Conselho Judaico Europeu (EJC) declarou: "Isso não é apenas antiético; é perigoso. Nenhum pai deve temer que o cuidado de seus filhos possa ser comprometido por causa de sua identidade judaica. Pedimos às autoridades belgas que tomem medidas disciplinares imediatas e deixem claro: o antissemitismo não tem lugar na saúde – ou em qualquer lugar."
Até quarta-feira (03), os perfis de Arkawazy nas redes sociais estavam aparentemente desativados.