Um funcionário de uma vila local na Indonésia interrompeu um culto cristão no último domingo (19), ameaçando invadir a igreja com uma multidão e fechar o portão da congregação. Esse não é o primeiro caso de um culto interrompido no país.
Na ilha de Sumatra, no oeste da Indonésia, o chefe da área de Rukun Tetangga da vila de Rajabasa Jaya, Wawan Kurniawan, saltou uma cerca de um metro de altura para interromper o culto de adoração da Igreja Cristã do Tabernáculo de David (GKKD).
A aldeia fica no canto sudeste da ilha em Bandar Lampung Regency, província de Lampung.
Segundo o Morning Star News, um vídeo do incidente mostra Wawan afastando o pastor Naek Siregar, que tenta falar com ele afirmando estarem apenas orando na “casa de Deus”.
O homem ignorou a explicação do pastor e ameaçou chamar mais pessoas se os fiéis não encerrassem a reunião.
“Ele ameaçou com palavras duras, pedindo para que a congregação que estava adorando encerrasse o culto se não ele iria fechar o portão da igreja”, relatou Lina Sinambela, membro da congregação.
De acordo com Lina, um grupo de aproximadamente 10 moradores invadiram o local da igreja e pediram o término do culto.
Agressão ao pastor e perseguição à igreja
Parlin Sihombing, presidente do Comitê de Construção da Igreja GKKD, disse ao site de notícias Suara.com que alguém da multidão sufocou a garganta do pastor e mandou os crentes saírem.
“Um residente entrou direto na igreja, subiu no púlpito e sufocou o pastor. Ele ficou com uma leve cicatriz na mão porque estava tentando se defender. O clima estava tenso e, finalmente, a congregação se dispersou”.
Mais tarde, Wawan disse ao portal de notícias local IDNTimes.com que pretendia apenas pedir aos cristãos que interrompessem os cultos até que tivessem uma licença para a construção da igreja.
De acordo com ele, o chefe da aldeia apoia suas ações pois desde 2014, os cristãos fazem cultos no local sem permissão. Porém Parlin afirmou que o pastor atendeu todos os requisitos em sua inscrição.
A igreja, cujo prédio foi construído em 2009, solicitou permissão para um local de culto em 2014, que precisava da aprovação de 75 moradores da região. Também era exigido pelo Decreto Ministerial Conjunto da Indonésia de 2006 com um total de 60 comprovações. Parlin disse que o número de membros da congregação chegou a 100, excedendo os 90 membros exigidos pelo decreto.
Pedido de intervenção do Estado
A Comunhão das Igrejas Indonésias (PGI), apelou para que o Estado intervenha no conflito.
“A PGI pede ao governo e às forças de segurança que não permitam que casos como este continuem sem uma ação legal firme e transparente”, disse o secretário-geral do PGI, Jacklevyn F. Manuputty, em comunicado à imprensa na última segunda-feira (20).
“A PGI entende que existem regras que devem ser cumpridas para construir uma casa de culto. Mesmo assim, autorizações incompletas não devem ser uma desculpa para interromper à força um culto em andamento, muito menos desde que a dissolução foi realizada de maneira muito indigna e causou terror e medo”, acrescentou.
A Indonésia ficou em 33º lugar na lista de observação mundial de 2023 do ministério Portas Abertas dos 50 países onde é mais difícil ser cristão.
De acordo com o relatório do Portas Abertas: “Se uma igreja é vista pregando e espalhando o evangelho, ela logo se depara com a oposição de grupos extremistas islâmicos, especialmente em áreas rurais. Em algumas regiões da Indonésia, as igrejas não tradicionais lutam para obter permissão para edifícios religiosos, com as autoridades muitas vezes ignorando sua papelada”.