
O presidente americano Donald Trump iniciou, nesta terça-feira (13), sua primeira viagem oficial ao exterior com destino ao Oriente Médio. A primeira parada foi na Arábia Saudita, um dos principais aliados árabes dos EUA na região.
Na visita, Trump propôs a expansão dos Acordos de Abraão para incluir a Síria e a Arábia Saudita. Esses acordos, inicialmente firmados em 2020, visam à normalização das relações diplomáticas entre Israel e países árabes.
Segundo a Reuters, durante sua estadia na Arábia Saudita, Trump também pressionou o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman a considerar a adesão do reino aos Acordos de Abraão.
Embora a Arábia Saudita tenha expressado interesse, o governo saudita reiterou que a normalização com Israel só ocorrerá após a resolução da questão palestina e o estabelecimento de um Estado palestino independente.
Acordos bilionários
Além dos acordos diplomáticos, Trump levou à região propostas bilionárias de investimentos estratégicos.
Segundo a imprensa internacional, os entendimentos firmados com países como a Arábia Saudita devem injetar cerca de 600 bilhões de dólares na economia americana, com foco em setores como energia, defesa, inteligência artificial e tecnologia de ponta.
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O pacote inclui parcerias com gigantes empresariais e fundos soberanos do Golfo, além de abertura para novos projetos de infraestrutura e exploração de minerais críticos.
A iniciativa reforça a intenção de Trump de reposicionar os EUA como centro global de inovação e reindustrialização.
Síria é novo foco
Em um encontro histórico em Riade, capital da Arábia Saudita, o presidente americano se reuniu com o novo presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, marcando a primeira reunião de alto nível entre os dois países em 25 anos.
Os dois líderes se encontraram à margem de uma reunião do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, participando da conversa por telefone, informou o NY Post.
Durante a reunião, Trump incentivou al-Sharaa a aderir aos Acordos de Abraão, reconhecendo Israel e estabelecendo relações diplomáticas.
Atualmente, a Síria não reconhece o Estado de Israel, e a adesão aos Acordos de Abraão foi apenas uma das exigências de Trump em seu esforço para normalizar as relações bilaterais.
Fim das sanções à Síria
Em troca, os EUA anunciaram o levantamento de todas as sanções impostas à Síria, visando apoiar a reconstrução do país e afastá-lo da influência iraniana.
Segundo a Casa Branca, Trump também pressionou o líder sírio a expulsar todos os terroristas estrangeiros do país, deportar extremistas palestinos, colaborar com os EUA para impedir o ressurgimento do Estado Islâmico e assumir o controle dos centros de detenção do grupo no nordeste da Síria.
“Eu senti muito fortemente que isso lhes daria uma chance”, disse Trump na reunião do CCG. “Dá a eles uma boa e forte chance... foi uma honra fazê-lo”.
“Estamos atualmente explorando a normalização com o novo governo da Síria”, afirmou.
Controvérsias
A agenda prioriza interesses econômicos e estratégicos, com ênfase em acordos bilionários e decisões diplomáticas que geram controvérsia, entre elas o fim das sanções à Síria e a exclusão de Israel na agenda.
Trump anunciou o fim de todas as sanções dos EUA contra a Síria, justificando o gesto como um apoio à reconstrução do país. A medida foi criticada por analistas e líderes internacionais devido ao apoio implícito ao novo presidente interino sírio, al Sharaa, cuja legitimidade e histórico político são questionados.
Uma das implicações da medida é um realinhamento dos EUA em relação ao eixo Rússia-Irã-Síria, desestabilizando o equilíbrio diplomático na região, segundo analistas.
Outra controvérsia é a exclusão de Israel na agenda internacional da Casa Branca. Pela primeira vez em anos, um presidente americano visitou a região sem incluir Israel em seu itinerário.
A exclusão gerou desconforto em Tel Aviv e foi interpretada como um sinal de distanciamento em relação a um dos aliados mais estratégicos dos EUA no Oriente Médio.
Estratégia pragmática
A nova investida diplomática de Trump no Oriente Médio revela uma tentativa de redesenhar as alianças regionais a partir de uma estratégia pragmática, centrada em interesses econômicos e geopolíticos.
Apostando em acordos bilionários e na ampliação dos Acordos de Abraão, Trump busca fortalecer a presença dos EUA junto a países estratégicos como a Arábia Saudita e a Síria.
Entretanto, a exclusão de Israel da atual agenda de visitas e a aproximação com líderes de reputação controversa, como o presidente interino sírio, têm despertado críticas contundentes.
Especialistas alertam para os riscos de instabilidade e para os possíveis abalos nas relações históricas entre os EUA e seus principais aliados na região.
Para encerrar sua visita ao Oriente Médio, Trump desembarcou em Doha, no Catar, onde foi recebido pelo emir Sheikh Tamim bin Hamad Al-Thani.
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O encontro simboliza o fortalecimento dos laços entre os dois países e marca o encerramento de uma agenda estratégica focada em acordos econômicos, segurança regional e novas alianças diplomáticas.