Cristã de ascendência judaica relata experiências com Deus em Gaza

Participante do Love Bridge Projects relata diversos momentos em que Deus agiu para socorrer e prover família em Gaza.

fonte: Guiame, com informações do Adventist Review

Atualizado: Terça-feira, 12 Março de 2024 as 12:21

Prédios danificados na Faixa de Gaza durante outubro de 2023. (Foto representativa: Wikipedia)
Prédios danificados na Faixa de Gaza durante outubro de 2023. (Foto representativa: Wikipedia)

Marci Evans faz parte do Love Bridge Projects (Projeto Pontes de Amor, em tradução livre) que apoia afegãos necessitados. Foi lá que ela e seu marido Dwayne conheceram o palestino Munther.

Ela conta que em um domingo, seu telefone tocou em meio ao barulho de uma loja lotada, onde parou com Dwayne para comprar suprimentos para a venda de bolos que fariam, a fim de arrecadar dinheiro para uma família carente no Afeganistão.

Enquanto eles estavam indo ao caixa, chegou uma ligação de Gaza: “Olá irmã, é Munther.”

Marci conta que ouviu o sotaque forte do homem que estava ligando com a pouca bateria que seu telefone tinha.

“Não havia eletricidade disponível e o telefone de Munther raramente tem muita vida. Normalmente, a cada três a sete dias, ele envia uma mensagem de texto ou áudio no WhatsApp. Mas desta vez foi uma ligação FaceTime”, conta.

Marci diz que foi para um lugar mais calmo para conseguir ouvir a voz de Munther, que como sempre fazia, agradeceu por orar por sua família e pediu que não parassem. 

Aflições

“Enquanto Munther e eu conversávamos por vídeo, pude ver a sala de aula abandonada onde ele, sua esposa e dois filhos pequenos moravam”, descreve.

“Num canto ardia uma pequena fogueira feita com restos de madeira. Ele relatou suas condições de vida, dizendo que não havia eletricidade, nem banheiro, nem água potável”, conta Marci.

Segundo Munther, mais de 50 pessoas lotaram a sala de aula ao ar livre. E proximadamente 1.500 pessoas foram abrigadas em toda a escola. O fogo aceso no canto fornecia calor e fumaça preta, dificultando a respiração deles.

Quanto à dieta deles, Munther a descreveu sem reclamar. Era simples, arroz puro uma vez por dia, isto é, nos dias em que comiam. E naquele momento, por estarem no inverno, o medo de morrer de frio acrescentava uma angústia mais profunda ao medo das bombas.

“O contraste entre a situação desesperadora de Munther e os compradores ao meu redor na loja, com carrinhos empilhados, era impressionante”, diz Marci. 

“Então, ouvi Munther dizer, não sabemos quando é a nossa vez de morrer”, lembra.

“Meu coração doeu por ele e por todas as 1.500 pessoas que moravam na escola. Senhor, há algo que eu possa fazer? Estávamos enviando pequenas quantias de dinheiro – US$ 50 aqui, US$ 100 ali – mas este era um novo nível”, conta Marci.

Cristã de ascendência judaica

Ela diz que como cristã americana de ascendência judaica, as pessoas podem perguntar como ela começou a cuidar desse muçulmano palestino e de sua família.

“Tenho certeza de que a mão de Deus estava nisso. Meu genro é afegão, então o povo dele passou a ser meu”, relata, explicando que a aproximação com Munther aconteceu durante o Projeto Love Bridge.

“Lá conhecemos Munther, que estava fazendo trabalho de caridade entre o seu povo em Gaza. O Love Bridge Projects é uma parceria entre adventistas e muçulmanos que constrói fábricas de rações, fazendas de cabras, granjas e poços, além de apoiar escolas em diferentes partes do mundo”, esclarece.

Ela conta que no passado, Munther e ela conversavam ao telefone e descobriram um desejo comum de abençoar outras pessoas e ser fiéis a Deus.

“Sua história foi de cortar o coração. Ele havia perdido seu irmão na luta com Israel. Como ele reagiria quando descobrisse que minha avó era judia?”, pensou ela na época, mas se surpreendeu com a resposta de Munther:

“Quando dei a notícia, ele respondeu com firmeza: ‘Bem, estamos todos neste mundo para fazer o bem e amar as pessoas, todas as pessoas’”. 

Poder da oração

Ela diz que depois de 7 de outubro, enviou uma mensagem para Munther, a única pessoa no Oriente Médio que conhecia. No dia seguinte, ele mandou a seguinte mensagem: “Olá, minha irmã, a situação é muito crítica aqui em Gaza”.

“Este foi o início da minha jornada de oração pela família de Munther e pelo povo de Gaza. Dia e noite eu orava: ‘Senhor, por favor, dê água, comida, abrigo, paz; Senhor, que eles sintam a tua mão’”.

Marci relata que muitos outros que acreditam no poder da oração se juntaram para pedir por Munther, por sua família, pelo povo de Gaza e pelos reféns israelenses.

No dia 29 de novembro ela recebeu uma mensagem urgente de Munther:

“Olá, minha irmã, a situação aqui é extremamente crítica. Eles começarão a lutar novamente depois de uma hora.”

Segundo Marci eram cerca de 20h de uma noite fria e chuvosa, quando parou no acostamento para ler a mensagem. “Eles estavam quase no fim do cessar-fogo e os bombardeios estavam prestes a começar novamente”, leu.

Marci diz que junto com amigos pegaram suas Bíblias para reivindicar as promessas das Escrituras.

“Achei que deveríamos orar por 30 minutos, mas Elaine [uma amiga] disse: ‘Não, vamos orar até o cessar-fogo terminar’”.

Marci diz que houve um milagre, porque o bombardeio que seria retomado não aconteceu.

“Menos de 20 minutos depois, que estavam orando, Munther escreveu: ‘Muito obrigado por suas orações, realmente funciona, foi no último minuto que eles decidiram estender o cessar-fogo.’”

Marci diz que eles viram Deus em Gaza naquela noite, segurando a guerra por mais 24 horas.

Livramentos

Em 16 de dezembro, uma bomba de uma tonelada caiu no prédio de cinco andares próximo à casa improvisada de Munther. Num instante, ele pegou sua filha de 1 ano antes que ela ficasse coberta de escombros.

Ele disse que nunca se sentiu tão perto da morte antes: “Graças a Deus, estamos vivos, foram os momentos mais críticos da minha vida”.

Marci conta que após sair da loja naquele dia de janeiro, clamou a Deus por cobertores, água potável, comida e paz.

“Eu reivindiquei a Escritura: ‘Chama-me e eu te responderei’ (Jeremias 33:3, ESV). Decidi testar um princípio que aprendi na autobiografia de George Mueller, que em 1800 apoiou um orfanato pedindo ajuda a Deus, em vez de às pessoas”, diz.

“Depois de orar por muitos quilômetros durante meu caminho para casa, mandei uma mensagem para minha amiga Gabby para atualizá-la. Ela também orava dia e noite por Munther e sua família. Ela respondeu rapidamente: ‘Ontem, um senhor do Maine me ligou querendo doar para apoiar as pessoas em Gaza, mas não sabia como fazê-lo’. A emoção me encheu quando percebi que esta era uma resposta direta às orações”, relata.

Promessas da Bíblia

“Imediatamente pensei na promessa da Bíblia: ‘Antes que chamem, eu responderei; enquanto eles ainda estiverem falando, eu ouvirei’ (Is 65:24. Rapidamente outros se juntaram à doação. Em dois dias, mais de mil dólares foram enviados para necessidades desesperadoras. Uma semana depois, um muçulmano que faz parte do nosso grupo de caridade foi à sua mesquita pedir ajuda e esses fundos adicionais também foram enviados”, testemunha. 

Marci diz que as Escrituras a enchem de esperança quando a esperança parece inalcançável. E cita Deuteronômio 31:8 – “É o Senhor quem vai adiante de vocês. Ele estará com você; ele não te deixará nem te abandonará. Não temas nem te assustes”.

Marci diz que Munther, sua esposa e filhos se tornaram uma família para ela. “Esperamos nos encontrar, ouvir as histórias uns dos outros. Deus está me ensinando a confiar Nele. Ele está usando esta preciosa família palestina para me aproximar Dele, para me atrair para a oração, o lugar onde Deus me ensina como realmente amar.”

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