Mulher com síndrome rara é curada após 51 dias no hospital: “Deus é real”

Bruna Prado teve Síndrome de Net e diversas complicações no hospital.

fonte: Guiame, ALINE GONÇALVES

Atualizado: Terça-feira, 5 Março de 2024 as 9:44

Bruna Prado. (Foto: Reprodução/Instagram/Bruna Prado)
Bruna Prado. (Foto: Reprodução/Instagram/Bruna Prado)

Após ser diagnosticada com uma síndrome rara, Bruna Oliveira Brandini Prado, de 34 anos, quase perdeu a vida em um hospital, em São Paulo. Ela ficou 51 dias internada e durante esse tempo, manteve a confiança em Deus.

Em janeiro de 2023, Bruna passou mal no trabalho. A partir de um acompanhamento médico, ela descobriu que se tratava de uma ansiedade que desencadeou a Síndrome de Burnout.

“Fui examinada, e orientada a procurar tratamento psicológico e psiquiátrico, e dentro desse período fui desligada da empresa”, disse ela ao Guiame.

O psiquiatra passou um medicamento para ajudar a aliviar o quadro de Bruna. No entanto, ela teve uma reação alérgica ao remédio

“Após 10 dias de uso, começaram os sintomas como dores no corpo, nariz entupido, dor de garganta, mal estar e muita fraqueza. Em seguida, meus olhos começaram a inchar, apareceram manchas vermelhas no meu corpo acompanhadas de ardência e coceira”, contou Bruna.

Ela foi levada a um hospital local onde tomou medicação para alergia. Segundo ela, o médico disse: “Foi Jesus que te trouxe até aqui, porque quando a glote [órgão responsável pela saída e entrada de ar da laringe] começa a fechar, muitas vezes não dá tempo de socorrer”. 

Na saída do hospital, Bruna teve a visão ofuscada pela claridade e perdeu os sentidos. Mesmo assim, foi levada para casa.

 
 
 
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Evolução do quadro

Os sintomas pioraram e novamente, Bruna foi encaminhada para o hospital. Lá, ela não conseguia abrir os olhos e contou que não se lembra de muitos detalhes, pois passava a maior parte do tempo sedada devido às fortes dores.

O esposo de Bruna, Luiz Gustavo Brandini Prado, a acompanhou enquanto ela foi transferida para a UTI de outro hospital.

“Ao chegar lá, minha pele já estava soltando do corpo. Por protocolo, era necessário a troca do acesso em meu braço, mas dali por diante, qualquer toque que faziam a pele saia junto. Meus olhos grudaram e eu não conseguia mais abri-los”, relembrou ela.  

“Lembro de ouvir um médico gritando que eu tinha que ser retirada daquele local, e levada para outra UTI específica para ficar em isolamento, pois a minha situação era gravíssima, já que estava suscetível a ser contaminada por uma bactéria”, acrescentou.

No mesmo dia, Bruna recebeu a visita de um dermatologista que fechou o diagnóstico de Síndrome de Net —  Necrólise Epidérmica Tóxica, que trata-se de uma reação adversa grave e rara que atinge predominantemente a pele e mucosas.

“Me medicaram com urgência antes mesmo do convênio liberar o tratamento para frear a doença e aguardar os resultados. Dois dias depois, os médicos informaram meu esposo que eles tinham conseguido frear a doença. Se eles não tivessem conseguido, provavelmente, eu já estaria morta, porque a partir do momento em que foi diagnosticada, eu só tinha 48 horas de vida”, disse Bruna.

“Essa doença é uma doença muito grave e difícil de ser diagnosticada e freada. É muito raro sobreviver a ela. Os médicos falaram que foram pouquíssimas pessoas que viram, em todo o tempo de experiência, sobreviver à essa doença”, acrescentou ela.

Corpo debilitado

Segundo Bruna, foi necessário a introdução de uma sonda alimentar, pois a parte externa e interna da boca inflamou com muitas bolhas e feridas. Ela também perdeu a visão durante o período em que esteve no hospital.

“Não podiam encostar em mim que eu sentia como se estivessem puxando a minha pele. Às vezes era necessário oito pessoas para ajudar. Eu gritava e chorava, porque o sofrimento era grande. Também havia risco de pegar uma bactéria”, disse ela.

Para ela, a troca dos cateteres também era desafiadora. Então, os médicos decidiram fazer o procedimento no centro cirúrgico porque “era impossível fazer sem sedação”.

Agir de Deus

Seu marido foi informado de que ela ficaria seis meses internada, porém, o convênio médico estava prestes a encerrar e não cobriria mais as despesas.

“Deus moveu pessoas que foram atrás de informações e fomos tranquilizados de que o convênio cobriria os custos enquanto eu estivesse internada”, contou ela.

Bruna experimentou a manifestação do Senhor nos detalhes e aos poucos, voltou a engolir os alimentos, recuperou a visão e retirou as sondas.

“Os movimentos do meu corpo também precisaram ser estimulados novamente. Fui acompanhada por fisioterapeutas que me ajudaram gradativamente com pequenos avanços como mexer os dedos dos pés, das mãos, virar na cama, e fomos evoluindo ao levantar o corpo, andar e ir ao banheiro”, relembrou ela. 

No entanto, Bruna teve uma febre alta e foi diagnosticada com infecção bacteriana duas vezes — uma devido à infecção urinária e, a outra, pelo acesso do pescoço.

Nesse período, Bruna teve alta da UTI para dar continuidade ao tratamento no quarto, porém a bactéria era resistente e foi necessário a troca de antibióticos para combatê-la.

Faltando alguns dias para ela receber alta, Bruna apresentou manchas roxas nas pernas que se espalharam rapidamente. Então, ela foi levada às pressas para UTI.

“As plaquetas do meu corpo baixaram de 300 mil para 3 mil e fui diagnosticada com púrpura [hemorragia visível na pele ou na mucosa]. Entraram com a medicação rapidamente, mas não tiveram sucesso. Foram dias buscando um diagnóstico, passei por vários exames, desconfiaram que minha medula não estava mais produzindo plaquetas”, disse ela.

“A hematologista me informou que não sabia o que fazer, pois não descobriram o que estava acontecendo, mas respondi que Jesus sabia”, acrescentou.

Bruna precisou fazer transfusão de sangue e de plaquetas. Enquanto os médicos buscavam algum resultado, muitos cristãos oraram por ela.

Três dias depois, as plaquetas começaram a subir: “Quantos não acreditavam que eu era a mesma pessoa que havia entrado no hospital, muitos vinham testemunhar o milagre que Deus tinha feito em minha vida”.


Bruna e a família. (Foto: Reprodução/Instagram/Bruna Prado)

Milagre

Bruna ficou 51 dias internada e contou que ficar longe dos filhos, Catarina, de 5 anos, e Benjamin, de 2 anos, era a parte mais difícil.

“Meus filhos ficaram separados. O caçula ficou com os meus pais e a minha filha ficou com minha sogra. Meu esposo conta que ele me perguntou: ‘Você está com medo de morrer?’. E eu disse: ‘Eu não tenho medo de morrer porque eu sei para onde eu vou, só que eu não quero deixar meus filhos’. Então, isso era o que mais me doía, mas eu sabia que o Senhor estava cuidando deles também”, disse Bruna.

E continuou: “Tive medo da dor, reclamava, gritava, chorava. Mas eu tinha consciência de que o Senhor estava cuidando de mim. Eu nunca blasfemei, nunca questionei a Deus e os meus acompanhantes falam que eu verbalizava que eu estava nas mãos do Senhor”

“Eu sei que essa força não vem de mim. Foi Deus, eu creio dessa forma. Nós somos fracos, eu creio que tudo veio Dele. Eu creio que o nome do Senhor deve ser glorificado”, acrescentou.

Hoje, Bruna está curada e compartilha seu testemunho para edificar a fé das pessoas. Ela contou seu milagre na Igreja Evangélica de Vila Yara (Ievy) em Osasco, São Paulo.

“Tenho a convicção de que Deus cuidou de mim no hospital e me livrou da morte. Ele é real. O nosso Deus não mudou. O mesmo Deus que abriu o Mar Vermelho continua cuidando de nós, Ele trabalha por nós. Ele não perdeu o controle de nada”, concluiu ela.

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